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Labaredas de Sentido, por Giovany de Oliveira
"abandonemos
esse mundo.
ELE
já não nos acolhe.
Ouso dizer que
jamais acolheu."
- Dani Anjos
públicado às 00h, de 28/02/2022
"Não começou, já estava.
Captamos
do percurso."
um momento
- Gio de Oliveira
Dani Anjos: Clamor para estrelas, 2021. Experimento cênico, performance, experimento audiovisual
exercício de diálogo
de Gio de Oliveira, a partir
de Clamor Para Estrelas de
Dani Anjos, na 10º Temporada
da Segunda Preta
Talvez seja o maior desafio das linguagens, o de se reinventar. Ser força autofágica
que se consome para ser, reinvenção. Ser chama e brasa no exercício de vir a ser.
O devir da linguagem é então nesse sentido, vasta labareda em Clamor para
Estrelas de Dani Anjos, na 10ª temporada da Segunda Preta¹.
Clamor Para Estrelas pode ser sentido a partir de muitas denominações, pode ser
uma cena, pode ser uma performance, seria videoperformance? Vídeo Arte, com
certeza, será?… Poema ou dramaturgia? Poema dramatúrgico cirúrgico. Eu lírico
secular. Epopeia antiga atualizada em ação. Verso novo, velha pulsão. Explosão
solar das formas. Prólogo e epílogo em único ato, único como uma coisa única, una,
inteira, toda. Antes de tudo um manifesto, puro, sensível, mas não por isso menos
eloquente. Isso não.
Não começou, já estava. Captamos um momento do percurso. Os pés nus já
desenvolviam trajetória em extensa caminhada a tramar uma renda de percursos,
infinita em antes e “agoras”. A estratosfera não será mais turbulenta que o atlântico,
como poderia? Ardem os signos, labaredas de sentidos.
A artista refaz, reorganiza, implode sentidos, conclama. Ao chamar suas parceiras,
empunha a Espada de Iansã e toma a ágora. É uma guerra e Dani Anjos sabe, por
isso convoca e se posta, articula, movimenta. Fúria e foco transbordam em
estratégia. E esse chamado também nos convoca, homens pretos, no sentido de se
aperceber e respeitar a caminhada de nossas irmãs. É somente junto à
emancipação delas, que poderemos também orbitar os próprios sonhos. A tomada
da Europa.
Ao tomar a ágora, a poetisa/griô/benzedeira/estadista/estelar/artista/filósofa nos
convoca a tomar o mundo.na base do semba, do samba, na ginga de bamba que
traça rotas impensáveis para a branquitude desavisada. Dani Anjos coreografa
movimentos antigos que se forjam no futuro. A nova égide de Luísa.. Supernova.a
iluminar com raios quentes o infinito das linguagens. Cometa!
Clamor para estrelas, por Dani Anjos
Dani Anjos (Ouro Preto/MG)
Experimento cênico, Performance, Experimento audiovisual
Sinopse: Clamor para estrelas é uma carta, um manifesto, um chamamento a mulheres, em especial as mulheres pretas, para um mergulho em novas possibilidades de futuro e vida.
Giovany de Oliveira Silva
É ator e dançarino com formação em Licenciatura em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto. Multiartista, já desenvolveu trabalhos enquanto ator e diretor de teatro, dançarino, dramaturgo, roteirista, compositor e músico, iluminador, curador, crítico de arte, performer e professor da educação básica. Tem parcerias e/ou
passagens pelos agrupamentos de teatro e/ou música Ajayô Teatro Em Pé, Maracatrupe, Coletivo Calango, Cia Lamparina, Coletivo Verso Negro e Cia 2x2. Pesquisa danças afro brasileiras e as teatralidades negras contemporâneas.
Instagram: @gio_a_ver
E-mail: giovany135@gmail.com
Dani Anjos
Mestranda em Artes Cênicas pelo PPGAC-UFOP, performer, multi-artista, arte-educadora, e produtora cultural, Danielle dos Anjos, atualmente desenvolve pesquisa artística e acadêmica em artes afro-diaspóricas e feminismo negro, atua no ensino básico e no teatro com arte-educação desde 2006, ministrando aulas e oficinas diversas.
Tem colaborado em diversos espetáculos teatrais e socioeducativos de grupos das cidades de Ouro Preto e Mariana. Hoje integra do NINFEIAS – Núcleo de Investigações Feministas, com quem tem desenvolvido projetos artísticos, socioeducativos e de pesquisa na área do feminismo interseccional.
Instagram: @dani_.anjos
¹ A Segunda Preta é um aquilombamento cultural, estético e político, surgido em 2017, onde são organizadas mostras de trabalhos de artistas negros brasileiros principalmente no teatro, na dança e na
performance; nessa perspectiva, também homenageiam a cada edição, referências importantes para as Artes Negras Brasileiras, de forma a cuidar e propagar sua obra. São realizadas também rodas de conversa, produção de textos críticos e ainda outras formas de saber. Para conhecer melhor, acesse: http://segundapreta.com/