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confluindo junto à possibilidades de um breve suspiro diante a opressão do mundo-branco, escritas encruzilhadas apresenta-se como um ponto de interseção onde os encontros são estimulados por poéticas, pensamentos, saberes e rascunhos.

do encontro entre caminhantes, sonhadoras/es, poetas, dançarinas/os, intelectuais e brincantes, desabrocham análises, sonhos e poesias que na quebra-da-lógica, convergem em direção à lugares de vida.

 

seja bem-vinde ao “escritas encruzilhadas”!

descolonizando pensamentos

encruzilhadas são pontos de encontros, possibilidades, caminhos... a partir dessa premissa, surge a ideia de “escritas encruzilhadas”. trata-se de um ambiente desenvolvido junto ao desejo de compartilhar escrevivências que foram germinadas entre frestas respiráveis.

TEXTOS E ESCREVIVÊNCIAS

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Quilombo: um movimento contínuo na luta por emancipação, por carlos melo

No Brasil, os quilombos surgiram como núcleos de populações livres do domínio colonial, até que no final do século XVI, no território da então Capitania de Pernambuco, se estruturou 

“Ngola Djanga, que os portugueses chamavam de Angola Pequena e hoje conhecemos como Quilombo dos Palmares”. Beatriz Nascimento pondera que talvez “seja este quilombo o único a permitir correlação entre Kilombo, instituição angolana, e o quilombo no Brasil colonial”

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Frantz Fanon: um caminhante rumo ao

devir-ilimitado, por carlos melo

Falar sobre Frantz Fanon e sua obra, é falar sobre uma potência em expansão. Certo dia, ouvi do poeta e pesquisador Rômulo Silva, que Fanon é um “pensador do devir-ilimitado”. 

Isso me fez pensar nele, enquanto um caminhante, que ao deparar-se com a situação colonial, cava trincheiras, constrói “rotas de fuga” e encontra frestas respiráveis. Tal qual um preto velho, nos aponta encruzilhadas.

Fanon, como um bom médico, identifica os sintomas de uma patologia contagiosa. Depara-se com uma praga que devasta mundos e consome vidas. Observa chagas abertas e nelas, encontra parasitas que ao se alimentar da carne de suas vítimas, desestabiliza e arranca sua humanidade, mas não só.

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Conciliação burguesa e a "situação colonial", por Carlos Melo

O sistema de exploração em que vivemos é uma das heranças das invasões coloniais. Este sistema se mantém através de uma estrutura hierárquica e perpetua aquilo que Frantz Fanon 

chamou de “situação colonial”, que nada mais é do que “uma conquista militar continuada e reforçada por uma administração civil e policial”. Na “situação colonial”, a administração civil é executada majoritariamente por aquelas e aqueles que representam os interesses da chamada “burguesia nacional”. Vale ressaltar que esta burguesia é formada em grande medida pelos herdeiros dos colonizadores. Eles são, por exemplo, banqueiros, financistas, grandes proprietários de terras, grandes empresários, donos dos meios de produção e dos principais meios de comunicação.

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Meu Craque, por Ana Paula Campos

Todos os dias era a mesma coisa. Ela gritava por ele da calçada de casa para que viesse tomar banho. Ele entrava correndo, sorrindo e todo suado, segurando a bola com uma das mãos. Era a sua brincadeira preferida. Dizia que quando crescesse seria um craque do futebol.

Ficaria muito rico e compraria uma casa bem grande para morar com a mãe e o irmão. Ela achava bonito quando ele fantasiava assim, então, não o contrariava. Dizia que ele poderia ser qualquer coisa nessa vida, desde que estudasse muito. “A gente só tem as coisas com estudo”, ela repetia todos os dias antes de vê-lo sair para o colégio. Dona Raimunda trabalhava lavando e engomando a roupa de algumas famílias do bairro vizinho. Moravam de aluguel numa casinha humilde; logo, todo dinheiro que ganhava era investido na educação dos filhos. A situação ficou mais difícil depois da morte do marido, então ela fazia o que podia para não deixar faltar nada em casa.

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Labaredas de Sentido, por Giovany de Oliveira

Talvez seja o maior desafio das linguagens, o de se reinventar. Ser força autofágica que se consome para ser, reinvenção. Ser chama e brasa no exercício de vir a ser. O devir da linguagem é então nesse sentido, vasta labareda em Clamor para Estrelas de Dani Anjos, na 10ª

temporada da Segunda Preta. Clamor Para Estrelas pode ser sentido a partir de muitas denominações, pode seruma cena, pode ser uma performance, seria videoperformance? Vídeo Arte, comcerteza, será?… Poema ou dramaturgia? Poema dramatúrgico cirúrgico. Eu líricosecular. Epopeia antiga atualizada em ação. Verso novo, velha pulsão. Explosãosolar das formas. Prólogo e epílogo em único ato, único como uma coisa única, una,inteira, toda. Antes de tudo um manifesto, puro, sensível, mas não por isso menoseloquente. Isso não.

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agressão econômica: uma violência estratégica cometida contra "os condenados da terra"

por Carlos Melo

para iniciarmos nossa reflexão, é importante dizer que quando me refiro ao sistema colonial, não estou me referindo a um período histórico. no desenvolvimento de minhas pesquisas e

produções, o colonialismo é tratado como um sistema de dominação e exploração que está em constante movimento. sistema este, que renova suas tecnologias e suas formas de dominação dependendo do contexto que está inserido e de suas necessidades.

a partir disso, analiso que vivemos sob o jugo de um sistema alicerçado em ganância, perversão, extração, exploração e violências. um sistema de desigualdades estruturado para beneficiar uma parcela mínima da sociedade.

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Moïse Kabagambe e a Democracia Escravista

por Carlos Melo

“A cena mais dramática da condenação ao pó é o linchamento, que representa uma forma grandiosa, grotesca e exibicionista da crueldade racista. Ele acontece não por trás dos muros de contenção de uma prisão, mas no espaço público.

[...] Enquanto técnica do poder racista, o ritual executório tem por objetivo semear o terror no espírito de suas vítimas e reavivar as pulsões mortíferas que formam o alicerce da supremacia branca.”

O jovem congolês Moïse Kabagambe, foi espancado até a morte após cobrar o salário, fruto de seu trabalho. A brutalidade cometida contra Moïse é resultado de uma estrutura racista, impregnada de aspectos coloniais. Nessa estrutura, os corpos racializados não têm direito a ter direitos.

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